sábado, 9 de junho de 2007

Cemitério de Mentes Mortas

É de impressionar e dar pena o estado de morbidez dos “estudantes” do ensino superior do estado. As universidades, principalmente as públicas deveriam ser centros de excelência e produção intelectual, mas ao invés disso não passam de um aglomerado de pessoas preocupadas consigo mesmas que não vêem a hora de se livrarem do martírio dos seus cursos. Eu passo em frente a faculdades e vejo barzinhos abarrotados de alunos, que deveriam estar em sala de aula, ficam enchendo a cara e discutindo seus “problemas” superficiais, sendo seu maior problema a incapacidade de PENSAR.

Claro que isso também tem seu lado bom, esses estabelecimentos lucram enquanto eu vejo a geração que eu cresci escutando que ia mudar o país se afundar no materialismo do tênis da nike, do celular novo, do carro novo, dos seus músculos malhados e cérebros atrofiados, das baladas do final de semana.

Mas eles têm sua explicação, tudo isso é culpa do governo, o governo não faz isso, o governo não faz aquilo, o governo é corrupto, como se precisássemos do governo para criar cultura, pra criar informação, pra ler, analisar, discutir, concluir, PENSAR. Enquanto boa parte da população reclama da dificuldade do acesso à educação, aqueles que a tem não dão valor, caminham em linha reta, um atrás do outro, como zumbis da sociedade e seus valores atrasados de que dinheiro vai te dar felicidade, de que poder mais que os outros vai te fazer mais homem ou mais mulher.

Eu não vejo dúvidas na cabeça desses jovens, eles estão cobertos de certezas, certeza do que querem, do que não querem, de quanto vão ganhar em determinada área, mal sabem eles que a dúvida é amiga do saber, a dúvida pressupõe a busca por respostas, respostas essas que trazem novas dúvidas e acabam por entrar num círculo vicioso que é o PENSAR. Platão já dizia: "Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz".

Na Grécia antiga, berço de grandes filósofos havia discussões sobre os mais diversos temas na Ágora (praça), dentre eles o cidadão que não buscasse o conhecimento era relegado a segundas funções e sofria preconceito da sociedade, não haviam advogados, era obrigação do cidadão ateniense fazer sua própria defesa, graças a essa grande vontade de conhecer, essa obrigação em PENSAR a Grécia nos deixou um legado até hoje utilizado, a Filosofia, a Democracia grega é citada e utilizada nos nossos dias, e eu me pergunto: o que vamos deixar para as próximas gerações?

Não sou contra a cachaça nossa de cada dia, longe disso, porém os filósofos Gregos bebiam para filosofar, nós bebemos para dizer asneiras porque na verdade não temos nada de interessante para dizer, nós bebemos porque nos falta coragem, nós bebemos porque a nossa vida não passa de nada e o futuro é incerto, nó bebemos pra esquecer, esquecer dos problemas, esquecer de procurar uma solução para eles, pois o mundo é grande e o seu conhecimento não basta para superá-lo. Sorte minha que ainda não perdi a capacidade de me revoltar, de pensar, mesmo sob o estado do álcool eu me revolto, ainda que não dê em nada, não sei se vou resistir muito tempo.

"Uma vida não questionada não merece ser vivida".( Platão )

Um comentário:

Érica Retrão disse...

Muito bom o texto...
Essa é a nossa triste realidade, o entorpecimento é geral.

As pessoas estão completamente perdidas, o mundo está completamente perdido, tudo está um caos.